Resenha | Pseudônimo Mr. Queen - Loraine Pivatto
Olá, meus amores leitores!
Como vocês estão?
Hoje nós vamos conversar sobre um livro nacional, de uma autora de Porto Alegre, quer me mandou seu livro ano passado pra eu conhecer e por quem me apaixonei! O nome dela é Loraine Pivatto e ela criou uma distopia que muito se assemelha ao arrebatamento muitas vezes abordado em livros e histórias baseadas no Apocalipse bíblico. Eu, apaixonada por distopias, não poderia deixar de fazer uma resenha aqui pra vocês!
A Loraine entrou em contato comigo porque ela faz um Book Tour com essa obra pra sua divulgação. É como um cruzeiro literário em que o livro percorre todo o Brasil e várias mãos, assim ele é conhecido e divulgado de uma forma real e direta através de seus leitores. Já vou aproveitar e deixar aqui o link do livro da Loraine em formato e-book na Amazon, pois ele precisa ser lido! Autores nacionais precisam ser valorizados, ainda mais quando se trata de um livro tão bem escrito e com tanto cuidado.
Link Amazon: Pseudônimo Mr. Queen
A história começa logo após o desaparecimento de todas as pessoas supostamente arrebatadas, e digo que é uma suposição porque não fica exatamente clara essa informação pra nós. Então, aqueles que ficam na terra sem ter onde morar e sem saber como será feita a organização social, recebem através de sonhos as informações de que uma nova forma de vida será implantada entre os sobreviventes. Não haverá mais desigualdade social através de bens e posses, não mais haverá formas de ferirmos uns aos outros e nem haverá nenhum jeito de morrer antes do tempo pré determinado. A vida se dividirá em duas: uma primeira, em que você tem a idade que veio de antes do arrebatamento e vive até completar 70, e uma segunda em que as pessoas viveriam dos 20 aos 80 anos. Essas vidas são divididas em duas dimensões paralelas que envolvem mistérios e muitos segredos.
Escrever distopias, encontrar formas inteligentes de escrever uma realidade futura sob a influência de uma identificação que nos aproxime das personagens e das histórias dentro do texto é algo muito difícil. A construção da escrita tem alguns pequeninos problemas de continuidade, a gente sente falta de algumas coisas na explicação de alguns acontecimentos, porém eu fiz uma leitura bem atenciosa e não consegui encontrar nada que abone o talento dessa moça.
Gostei tanto da obra que pedi a ela que conversasse um pouco conosco e assim fiz algumas perguntas. Bora lá conferir!
Gostei tanto da obra que pedi a ela que conversasse um pouco conosco e assim fiz algumas perguntas. Bora lá conferir!
1) De onde surgiu a ideia dessa distopia?
Foi no verão de 2015, quando eu estava na praia refletindo sobre um caso de morte prematura e estúpida que a mídia noticiava, e me deparei com a hipótese de como seria o mundo se todas as pessoas tivessem tempos de vida pré-definidos e não houvesse doenças e nenhuma outra forma de morrer antes da data marcada. Essa foi a ideia central e a partir dela construí o enredo.
2) Você é religiosa, buscou inspiração nisso?
Não, eu não sou religiosa, mas vejo as religiões como formas de conforto para o sofrimento referente às mazelas humanas, sobre as quais não temos controle e nem forças para combater. Sendo assim, a possibilidade de renascimento para uma segunda rodada de vida apresentada no texto, e a chance de corrigir erros, voltando à juventude com a memória da vida anterior pode ser comparada à doutrina espírita, embora eu pouco conheça a respeito.
3) Essa é sua primeira obra? Já tem mais alguma escrita ou publicada?
Em 2009 publiquei um romance chamado Perseguição Digital e em 2010 escrevi outro romance chamado Preto no Branco, o primeiro em versão física e o último digital. Depois disso, escrevi Holofotes, também na versão digital. Daí veio o Pseudônimo Mr. Queen, em 2015, que passou a viajar entre os leitores brasileiros através do book tour e também tem a sua versão digital, e em 2017 escrevi mais um romance, que ainda não está disponível. Todos os meus textos em versão digital estão disponíveis na Amazon.
4) Quais as dificuldades em lançar e divulgar uma obra no Brasil?
O mercado editorial é restrito e passa por dificuldades econômicas sérias, haja vista a grande quantidade de livrarias fechadas recentemente. É natural que os editores apostem nos autores já consagrados (nacionais ou internacionais), o que torna bem difícil ingressar no mercado. Mas essa é uma visão consensual, pois particularmente não tenho experiência recente comprovada. Faz tempo que não contato com editoras, e o Pseudônimo Mr. Queen ainda não foi enviado a nenhuma para apreciação. Como o book tour vem dando certo e os meus objetivos de me aproximar dos leitores, apresentar o meu trabalho, receber os devidos feedbacks e divulgar a história têm sido plenamente alcançados, continuo investindo meu tempo no projeto. Quem sabe futuramente, quando o livro for enviado para as editoras, esse receio das portas estarem fechadas não seja superado?
5) Pra quem tem uma história em mente e quer escrever e publicar, quais são os seus conselhos?
Eu sou o tipo de escritora arquiteta, que primeiro esquematiza toda a história para depois começar a escrevê-la. Ou seja, parto do macro para o micro. Defino todas as cenas, viradas, evolução dos personagens e fechamentos para só então começar a escrever a primeira palavra. Não consigo começar a escrever sem saber claramente o final. Mas esse é o meu estilo e para mim é assim que funciona. Preciso conhecer toda a trama, me apaixonar por ela para querer escrevê-la. Existem os escritores jardineiros, que conforme vão escrevendo a história vai tomando corpo e os personagens vão crescendo ou não. Portanto, a dica que eu dou é primeiro saber o seu estilo para então se programar para escrever o seu texto. Feito isso: dedicação, disciplina e trabalho. O aprimoramento vem da repetição. Depois de escrito, aconselho enviar o texto para leitores beta e/ou um leitor crítico profissional de sua confiança, antes de submeter às editoras.
6) De onde veio a ideia do book tour(explica um pouco)? Veio da dificuldade de divulgação nas editoras?
Eu ouvi falar de book tours pequenos (em torno de 10 leitores) e achei a proposta interessante, pois favorece o leitor que consegue ler o livro por um custo baixo (somente o valor do envio pelos correios) e o escritor, que consegue divulgar sua obra a partir de poucos exemplares. Como sou da área de TI, fiz um sistema para controlar as filas de leitores e com isso pude ampliar o projeto do book tour, tendo um alcance nacional que já ultrapassou mil inscritos. São 60 exemplares circulando por todos estados brasileiros, desde outubro de 2015. A ideia é simples: cada leitor inscrito vai para a fila, até que chegue a sua vez. Ele então receberá o livro de outro leitor e, após lido, deverá enviar ao próximo.
7) Qual a tua visão sobre a história? Como ta sendo o retorno dos leitores?
Considero uma história bastante criativa e com potencial para publicação. Hoje, após todos os feedbacks recebidos, proporia algumas alterações, pois entendo que determinadas abordagens poderiam ter sido diferentes e certos elementos melhor explorados. Essa é a grande vantagem do book tour: experimentar o texto, ouvir os leitores e poder criar uma nova versão aperfeiçoada.
O retorno tem sido fantástico! As pessoas, na grande maioria, de fato se comprometem com o projeto, divulgam o livro nas redes sociais, convidam outros leitores para participarem do book tour... O contato direto com os leitores é extremamente gratificante, o que só me faz querer continuar com o projeto. Penso que essa aproximação com os leitores é a melhor forma de construir um público para futuros trabalhos. Tudo o que é feito com honestidade, não visando exclusivamente o lucro, mas sim uma troca, é muito bacana.
8) Alguma coisa que você não previa foi interpretada sobre a história?
O meu enfoque foi analisar basicamente os comportamentos individuais e coletivos no novo modelo social proposto: duas vidas, uma de 70 e outra de 80 anos, sem possibilidade de mortes prematuras, sem doenças e sem dinheiro. Entretanto, percebi que alguns leitores ficaram muito presos a “como” a sociedade foi reconstruída (recursos humanos e materiais) e “quem” controlava o novo mundo (Deus, extra-terrestres...). Para esse perfil de leitor sei que houve certa frustração por falta de explicações mais elaboradas.
Outras respostas que eu não esperava que fossem importantes para determinados leitores: “por que alguns foram escolhidos sobreviventes? Quais os critérios?” “por que uma vida de 70 anos e outra de 80?”
No meu ponto de vista, o mundo é cheio de perguntas sem respostas, como por exemplo “por que uma gestação humana dura em média 40 semanas?” ou “por que algumas pessoas são saudáveis e outras não?” ou ainda “por que certos desastres naturais aniquilam com as vidas de determinadas pessoas, enquanto outras são poupadas?”. Incógnitas com as quais nos acostumamos a conviver. Por isso, quando estruturei a trama e defini as regras da nova sociedade não imaginei que alguns leitores ficariam sedentos por esse tipo de explicação.
9) Fale um pouco do seu processo de escrita e quanto tempo ele durou.
O processo seguiu o método dos escritores arquitetos, conforme já mencionei anteriormente. A história foi toda desenhada, com início, meio, fim, e todas as subtramas e amarrações; os personagens definidos; cenas de virada; toda a estrutura macro foi montada para que então eu começasse a escrever. Além disso, por se tratar de uma história repleta de personagens e que envolve 3 gerações, partindo de 2012 e indo até 2117, precisei de muito material de apoio para não me perder nas datas e idades.
Não sei o tempo preciso da escrita, mas posso dizer que após toda a estruturação concluída levei uns 3 ou 4 meses para escrever a trama. Ao finalizá-la, enviei para a leitura crítica de uma profissional de confiança, que me sugeriu algumas alterações que demandaram mais uns 2 meses de escrita, até chegar na atual versão.
Eu espero que vocês tenham gostado porque eu amei! <3
Até a próxima, meus amores!
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