Resenha | Por que fazemos o que fazemos? - Mario Sergio Cortella
Olá, leitores queridos!
Bem vindos ao meu primeiro post
no blog Litegatura! \o/
É uma honra pra mim poder ter um
espaço pra gente conversar e falar sobre literatura e gatos! rs
Confesso que estou absolutamente
nervosa! Planejei cada pedacinho escrito nessas páginas e espero que o
sentimento de amor depositado aqui seja transmitido a vocês em cada vírgula que
eu usar. Preciso salientar também que todo o conteúdo criado por aqui é baseado na leitura das obras, são conteúdos inspirados e/ou de citação, então são
exclusivos e cheios de tudo aquilo que eu acredito ser importante dizer.
O primeiro livro escolhido
pra iniciar nossa caminhada juntos foi o Por
que fazemos o que fazemos?, do
Mario Sergio Cortella. Eu não conhecia o Cortella até ter esse livro
recomendado por um amigo e confesso que estou apaixonada! Pesquisei um pouco
sobre o autor e descobri, entre outras coisas, que ele é aqui de Londrina/PR
(cidade onde moro atualmente) e que é um dos maiores escritores-filósofos
contemporâneos do Brasil. Nessa obra ele faz muitas referências a
pensadores e suas teorias, mas o que mais me chamou atenção em toda ela foi a
objetividade da escrita e a clareza com que esses conceitos filosóficos são
expostos a nós, como no meu caso, leigos em filosofia.
O livro é dividido em 20
capítulos curtos, mas acredito poder afirmar que todo ele gira em torno de um conceito
básico: o propósito que damos à nossa vida! O enfoque no propósito nos faz
pensar nos dias que temos apenas levado e não vivido, muitas vezes sem
motivação, sem muita coragem e sem alguns valores importantes que nos fazem
olhar o horizonte com um pouco de esperança. O conceito de propósito vem do
Latim “aquilo que colocamos adiante”, ou seja, nosso propósito precisa ser o
lugar onde queremos chegar, o objeto do nosso esforço, a compensação pelo
trabalho dedicado. Não importa se seu propósito é emagrecer, ganhar dinheiro, comprar um
imóvel, o que importa é que esse propósito se transforme em motivação nos
momentos em que a dificuldade bater a sua porta.
Esse propósito é o que vai te
ajudar a enfrentar a preguiça da segunda-feira, a dificuldade de lidar com as
situações profissionais mais desafiadoras, a voltar pra casa feliz depois de um dia cheio. É esse propósito que vai ser o
alicerce da sua luta pra vencer todos os dias, porque se você tem um objetivo
só seu pra sair de casa e ir trabalhar, então todo o esforço que isso te impõe a
fazer passa a ser agradável. Nossa natureza é preguiçosa, a gente sabe disso, e
lutar contra essa natureza sempre vai dar muito trabalho, mas é através desse
esforço que vamos nos sentir realizados quando chegarmos onde planejamos estar.
Ter um propósito não é buscar a
realização pessoal intrínseca a todos nós, mas buscar uma motivação interior
para que a busca dessa realização seja feita de uma forma orgânica e em
conformidade com nossa essência. Cortella nos fala também para entendermos a
diferença entre motivação e incentivo, pois a motivação é interna a nós,
somente você pode saber o que te motiva. Já o incentivo pode ser feito por
outro, como um aumento de salário ou um presente sem data especial ou até mesmo
um elogio a respeito de algo que fizemos. A diferença é que o motivo nos move e o incentivo apenas nos satisfaz no instante em que é feito. Toda a escrita do Cortella nesse
livro é voltada pro meio empresarial, mas eu vou tomar a liberdade de refletir
sobre seu conteúdo de modo pessoal e individual, no âmbito rotineiro das nossas
vidas.
Você já se perguntou se está satisfeito com o
que faz todos os dias? Certamente já! E se a sua resposta for positiva, parabéns, mas prepare-se
porque isso vai mudar. Pode ser hoje ou amanhã, ou daqui a um ano, mas vai,
pois é de nós chegarmos a um patamar que nos impede de almejar mais do mesmo. É
natural que em algum ponto de nossas vidas, tudo o que nos faz ser o que somos
passe a não bastar mais e isso não significa que de nada valeu o esforço, pelo
contrário, significa que todo aquele esforço serviu pra te modificar de alguma
forma e te mostrar que você merece mais do que alcançou até hoje. Toda transformação exige
esforço, isso quer dizer que toda mudança exige de nós trabalho.
Temos que tomar cuidado pra não
nos transformarmos em robôs que reproduzem todos os dias os mesmos passos, de
tal modo que a caminhada não faça mais sentido. Nossos dias precisam ter
significado, o resultado final precisa ser nossa identidade. Se você já não se
reconhece mais naquilo que faz todos os dias, é hora de gastar uma energia um
pouco maior pra se dedicar a coisas que te façam sentir parte do processo de
produção e de finalização. É como um escritor que ao final da obra não se reconhece
naquilo que escreveu, pois todo autor traz consigo parte da escrita e toda
escrita leva consigo parte de quem a escreveu. Não há como separar na nossa
vida o resultado de algo feito por nós de quem nós realmente somos e se
você já não se identifica mais, se aquilo que você se vê produzindo ao final do
dia já não fala mais sobre quem é você, então que sentido faz continuar dando
os mesmos passos?
Dessa forma, para deixarmos de
ser robotizados nas coisas que fazemos, e Cortella traz no livro a definição de robô que vem do tcheco "robota" e significa escravo, precisamos buscar o sentido
daquilo que fazemos. Não podemos nos permitir ser escravos das circunstâncias e nem de nós mesmos. Muitas vezes pensar sobre isso nos faz enxergar aquilo que escondemos, como por exemplo você trabalhar até tarde todos os dias
por não querer voltar pra sua casa, pra sua família. Ou se esconder atrás da
rotina pra espantar a solidão que é chegar em casa todas as noites e não ter
com quem compartilhar suas experiências do dia. Mas se há no meio disso tudo motivações,
que você precisa encontrar, haverá também a construção de um propósito pra que os
percalços não te façam desistir.
Vou dar um exemplo!
Você tem como motivação encontrar
no seu dia momentos felizes em que você se sinta em paz consigo mesmo, então
você sabe que tem um propósito ao final do dia de ter sua saúde mental cuidada
e respeitada. Se você sabe que para manter-se saudável é preciso que durante
seu dia você tenha momentos de paz, automaticamente você vai evitar confrontos,
vai lidar com o mau humor alheio de forma mais leve, vai entender que o
problema do outro pode não ser você, já que você está em paz. E então, quando
houver uma situação de conflito, seus ouvidos estarão selecionando a forma e o
que está sendo ouvido. Acreditem, o modo como você enxerga o outro diz mais a respeito de você do que dele!
Obviamente não há como fazermos
somente aquilo de que gostamos no nosso dia a dia, mas se nós entendermos que
os problemas estão em nossas vidas pra nos ensinar a lidar conosco e com nossos
medos, então aprenderemos a lidar com tudo ao nosso redor de forma leve e que
nos respeite. Quando procrastinamos estamos nos colocando em uma situação de
incertezas muitas vezes causadas pelo medo do desconhecido. Mas você concorda que viver de sonhos sem buscar a concretização deles é nos dar o
benefício da dúvida? "E se não der certo?" Bom, se a gente não o fizer, nunca
saberemos se deu certo ou não e se por acaso não der, a culpa não vai ser nossa.
A gente acaba se protegendo da frustração e deixando de lado o melhor nisso tudo: a experimentação!
Mas será que isso é o ideal?
Eu sei que a gente sofre, se
entristece e as vezes pensa em desistir de tudo. Tudo bem se prostrar quando
aquilo que a gente planejou não deu certo, mas e depois? Não dá pra ficar assim
pra sempre! Quando você buscar algo que não conseguiu alcançar, descanse,
reflita sobre o lugar onde você errou, corrija e volte a lutar!
Cortella coloca no livro um
trecho do clássico Alice no País das
Maravilhas, uma obra riquíssima, onde Alice corre por muito tempo de mãos
dadas com a rainha e percebe que, mesmo correndo tanto, não saiu do lugar.
Então a rainha lhe diz:
“Aqui, sabe, é necessário toda a corrida
que você tem para se manter no mesmo lugar. Se você quer ir a um lugar
diferente, você deve correr pelo menos duas vezes mais rápido que aquilo.”
Esse trecho ilustra pra nós a máxima de que "se quisermos um dia alcançar resultados diferentes, deveremos
percorrer caminhos diferentes". É importante também sabermos que o ser humano é
cíclico, ou seja, nós somos feitos de fases! Esses períodos difíceis que nos
são apresentados pela vida, muitas vezes nos restringem, nos apertam, mas eles
vão passar! Se desafie a aprender a lidar com eles!
Nós podemos ser derrotados muitas vezes em diversas lutas, pois a
vida é feita de circunstâncias que as vezes nos favorecem e as vezes não, mas
se formos derrotados com o tempo por nossas dúvidas, aí sim estaremos deixando
de viver o que deveríamos pelo medo daquilo que nem sabemos se somos capazes ou
não de conseguir. Consegue enxergar a confusão?
Regue seu dia de boas ações, para
consigo e para com os outros. “Fazer bem nos faz bem” é uma das frases que mais
me impactou na leitura dessa obra do Cortella, que eu li em dois dias e que me
fez pensar por tantos outros. Ele abre o livro e o encerra com duas poesias do Mario
Quintana e a de encerramento eu vou deixar aqui pra vocês como uma forma de coloca-los
sob perspectivas diferentes a respeito de um mesmo assunto. Vejam que as vezes
nosso ponto de vista sobre um fato pode nos colocar em dois pontos
completamente distintos.
Que nós possamos ser recíprocos, nos doar ao próximo, e que encontremos nessa caminhada aquilo a qual nos propomos!
A vocês eu agradeço pela leitura!
Garanto que havia mais de mim do que qualquer outra coisa nessas palavras.
Bezo!
Até a próxima.
Ameiii, leitura leve, de reflexão filosófica moderna e cotidiana. Necessária pausa no dia a dia para reflexões como essa.
ResponderExcluirQue você continue alegrando os dias de quem precisa de um pouco de calma e pensamento crítico.
Parabéns por levantar reflexões tão importantes de modo tão tocante, Vivi! Que sejamos recíprocos!!!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa. Adorei o seu texto, a ideia é as citações. Besos
ResponderExcluirRefletir, filosofar é preciso nos dias de hoje. Cortella é demais. Amo o jeito claro e simples de falar d filosofia entre outros assuntos de seus livro. Vivi, vc disse muito do que penso, mas nem sempre me vejo agindo assim.
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