Resenha | O Conto da Aia - Margaret Atwood

Oieeee, meus leitores goxtosos!

Hoje a gente vai conversar sobre O Conto da Aia. Na verdade, estou tentando ainda pensar como falar disso com vocês, porque a sofrência ta grande aqui... Ô livrinho pesadinho e maravilhoso!




Essa obra é uma distopia incrível que aborda questões políticas bastante atuais e suas consequências óbvias a partir do ponto exato onde estamos. Vou explicar primeiro o que é uma distopia pra você que, assim como eu, teve que ir pesquisar.
A definição no dicionário é bem clara: "lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.". Então o que a gente sabe é que se trata de um livro que se passa no futuro e que retrata uma realidade imaginária em que os indivíduos vivem em uma situação de opressão extrema e desespero.

Sabendo disso, fica mais fácil entender a história e o que ela tem pra nos dizer. Eu diria que foi um dos livros mais incríveis que eu li e que, embora se passe em um tempo diferente do nosso, fala muito a nosso respeito. A história acontece em um lugar onde antes era os EUA e que agora se chama República Gilead, lá não existe mais democracia e o regimento que vigora é a teocracia e o radicalismo religioso. É importante também salientar que a escritora, Margaret Atwood, compôs a obra na Alemanha quando ainda existia a divisão do Muro de Berlim, isso explica algumas referências feitas no livro que incluem um muro onde os corpos das pessoas revolucionárias ficavam expostos como exemplo para quem se rebelasse contra o regime.

Imaginem um mundo pós guerra, no qual as armas químicas e a poluição causaram tantos danos que a terra deixou de ser fértil assim como as mulheres e também os homens. Imaginem uma nação que vê seu presidente ser morto por extremistas religiosos, no livro chamados de filhos de Jacó, que passam a usar passagens da bíblia de forma totalmente distorcida e com interpretações que não vão além da linha, quando deveriam ser vistas dentro do texto e do contexto. A gente sabe que quando a fé é utilizada de formas imorais, as pessoas se perdem em meio a própria crença e confundem as palavras de Deus com as palavras do homem, então é nesse cenário que a teocracia e o extremismo religioso acabam com a democracia e com a sociedade livre. Em consequência disso, a primeira coisa que se faz é tirar das mulheres sua independência, tanto financeira quanto de ir e vir. As mulheres passam a ser propriedades de seus maridos e aquelas que ainda são capazes de gerar filhos acabam sendo sequestradas, presas e transformadas, por meio da coerção e do terror psicológico, em Aias.

As Aias são mulheres ainda férteis, compradas por membros do alto calão da sociedade e que são usadas por esses casais para gerar filhos. O que acontece, caso seja isso que você está pensando, não é romance e nem sexo consensual. Essas mulheres são submetidas a estupros mensais, em seus períodos férteis, numa espécie de cerimônia religiosa e degradante que as leva ao máximo da humilhação.

É um livro forte, difícil de digerir, mas que precisa ser lido! Nós, mulheres, precisamos saber onde tudo isso pode parar se não nos colocarmos na sociedade como iguais. Precisamos parar de crer que não podemos isso ou aquilo, que não somos capazes, que nosso corpo não é nosso ou seja lá como você se vê. É direito seu controlar tudo a sua volta e Deus não está por trás de nenhum mal. Deus não pode ser usado como meio de barganha pra nossa degradação. O que mais me chocou nessa história toda foi isso, a forma como as pessoas usam a Palavra de Deus e a fé alheia pra deturpar tudo o que está escrito!

Logo no início do livro, é colocado pra nós algumas passagens de diferentes religiões que nos induzem a pensar naquilo sob a ótica da crença proposta pela distopia. Ali eu percebi claramente como a interpretação dos fatos tirados do contexto, podem levar a humanidade a falência.


Alguns trechos do livro, inclusive, transformam a imagem das Aias em algo animalesco. Descrevem elas como animais selvagens que precisam estar onde estão, que precisam ser controladas e mantidas sob observação. O quarto em que elas passam seus dias nas casas dos seus Comandantes, sem nome e sem nenhum tipo de individualidade, é cuidadosamente organizado pra que nem mesmo o controle de vida e morte elas tenham sobre si. As suas roupas são planejadas pra que nada nelas seja visto e que pouco elas possam enxergar, tudo é meticuloso e planejado nos mínimos detalhes. Eu tive todo tipo de sentimento ao ler: medo, dor, angústia, ansiedade. É um livro completo e revelador!

Então leiam essa genialidade e depois venham me contar!
A escrita é incrível, bem estruturada, a história é muito bem elaborada e pensada. Leiam!

Espero tê-los incentivado e até a próxima resenha! =)
Bezo!

Comentários

Postagens mais visitadas