Edificação | Jogue a mangueira na sujeira e faça a manutenção das suas emoções
Pode ser que você tenha muitos motivos que hoje te façam desleixar da vida, das coisas, da casa e até dos seus relacionamentos, mas saiba que sermos zelosas é parte da nossa natureza feminina. Somos nós que apreciamos a casa limpa, o piso brilhando, as roupinhas lavas e guardadas cheirosinhas, o banheiro cheirando a essência de lavanda e os lençóis trocados bem branquinhos. Somos nós que temos em nossa constituição, esse cuidado mais delicado para com as coisas e, quando deixamos de ser assim, isso precisa ser um alerta para nós.
É possível crer que uma mulher que vive em um ambiente de acumulação, de sujeira extrema e de bagunça, está bem e saudável em suas emoções? Geralmente, o ambiente externo do nosso lar anuncia o ambiente inteiro do nosso coração.
Muitas vezes, esses aspectos de abandono, que se materializam em nossas práticas de higiene, acabam interferindo também em nossas relações interpessoais, afetando nossas afeições e nos levando a comportamentos sujos pela arrogância, pelo orgulho e pela dor que está em nós sendo varrida para debaixo do tapete. Você já foi grosseira desnecessariamente sem saber o motivo?
Esses dias eu estava assim: acumulada, esgotada, engolida pela sujeira da alma! Esse aglomerado de insatisfações e até de descontentamento, ficou evidente no meu cuidado, ou melhor, no meu descuido com minha casa. Tudo ficou sujo, cinza, difícil de lidar e de encarar todos os dias, como uma pia cheia de louças, cuja torneira fica invisível aos olhos tamanha a sujeira - e eu sei que você pode até sentir arrepios só de imaginar. Quando dei por mim, estava inteira paralisada pela falta de condições de resolver em mim algumas questões sentimentais. Eu tive dias de me sentir paralisada pela incapacidade de passar uma vassoura na minha casa, perdi o prazer em ser mordoma do Senhor naquilo que ele me confiou para cuidar hoje.
Quando expus às minhas amigas que não sou muito feliz com a casa em que eu moro, e falando disso em minhas redes sociais, percebi que muitas outras mulheres se sentem como eu. Mulheres que não estão morando onde gostariam, nas circunstâncias que gostariam, mas que, assim como eu, não podem mudar suas realidades hoje e encontram barreiras emocionais para lidar com o seu descontentamento. Nelas há o sentimento de frustração, medo, ira, incômodo e muita, mas muita tristeza.
O que eu quero dizer é que eu entendo você! Eu também ainda não consegui conquistar certas coisas na minha vida e ver a idade aumentando tem baixado minhas expectativas. No entanto, viver uma história com Deus não é viver com expectativas baixas, pelo contrário, é experimentar os dias na espera de dias muito melhores. A questão é que nem sempre esses dias melhores se concretizarão aqui nesse mundo caído.
Por isso, muitas vezes você vai precisar fazer o que eu fiz essa semana: tacar a mangueira!
O excesso de descuido, às vezes, vai te empurrar para o excesso de água! O que eu aqui resolvi chamar, bem humoradamente, de batismo da faxina! Que mulher nunca se sentiu nascida de novo depois de uma boa limpeza?
Mas nunca se esqueça de que todo excesso aponta em nós alguma falta. Jogar água em tudo vai limpar, vai renovar, vai purificar, mas pode mofar também, pode empenar os móveis e, portanto, não pode se tornar uma prática constante. O extremo do desleixo mostra uma insatisfação, um desgosto; o extremo de jogar água também mostra uma falha do seu coração em saber administrar as coisas. Abandonar demais ou lavar demais, pode apontar para uma falha na sua condição emocional desordenada. São falhas do coração, excessos de quem quer resolver as coisas de um jeito rápido, prático, isto é, de um jeito que as coisas geralmente não se resolvem.
A raiva que você não quer expor pode te levar a estragar aquilo que hoje já não é bom e isso vai te impedir de progredir, de sair de onde está e ir para um lugar melhor.
Devemos viver com o que temos. O que eu tenho é o dia de hoje e não o de amanhã e muito menos o de ontem. Se hoje eu não tenho o que gostaria é porque Deus assim o fez e eu preciso me contentar com isso. Se hoje eu moro onde moro, vivo como vivo, são os passos que eu dei na minha vida. Adianta ficar lamuriando e reclamando do que eu não posso ter? Não! Então eu preciso ser feliz com as coisas que eu tenho e aprender a lidar com elas de modo a não fazer do meu sofrimento ou anseio algo maior do que minha missão por Cristo.
Assim, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus (1Co 10.31) e saibam que o Senhor está conosco nas angústias, pois é ele quem nos faz vencer todas as questões concernentes ao nosso amadurecimento. Foi também Cristo levado às tribulações e nós deveremos ser testadas a nossa fidelidade. É esse o significado das tribulações. Também Cristo foi submetido a essas provas em sua trajetória (Lc 22:28,40; Hb 2:18; 4:15), as quais o colocaram na tensão máxima exterior e interior (Jo 12:27; Mt 26:38).
Portanto, não temam! Não se conformem às suas realidades ruins, mas não corram, querendo dar passos maiores do que suas pernas, porque o tropeço na pressa é inevitável. A pressa sempre foi e sempre será inimiga da perfeição, já dizia o ditado popular. Toda atitude extremista faz aquilo que está ruim ficar ainda pior.
Então, se preciso for, jogue a mangueira, mas depois faça a manutenção das suas emoções em orações e súplicas, para que sua casa continua organizada para a glória de Deus!
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