Cartas que eu precisava escrever | Ei, moço, não faz isso não!

Ei, psiu, não faz isso não!
Pra que você quer me magoar desse jeito, fingindo que não sabe que eu ainda sofro? Pra que ficar usando de artifícios e meios de chamar minha atenção da pior forma possível, mandando fotos de lembranças nossas, cartas, bilhetes, só pra manipular meus sentimentos? O que você ganha agindo assim e me deixando à margem de você? À margem sim, pois quando quero conversar você me escapa, me maltrata, me joga pro lado e diz que dentro de você não há espaço pros meus sentimentos.
Durante muito tempo eu quis de você a sinceridade de um amor real, de um amor que acolhe e cuida, mas nunca consegui despertar em você esse cuidado. Agora você vem querendo usar do amor que sabe que eu ainda sinto pra me manter conectada a um amor que você sabe que não pode retribuir. Toda vez que eu precisei de colo, eu estava sozinha. Toda vez que eu precisei de apoio, eu não tive. Cansei de ser tratada como a parte mais frágil e ter que agir como a parte mais forte toda vez em que você não soube dar conta de nós.
Você foi sim o homem que eu mais dei valor na minha vida, o único a quem eu entreguei meu coração de forma inteira e sem medo, aquele que eu escolhi pra ser o meu homem e o que eu sonhei estar junto até o final dos meus dias. No entanto, a convivência com seu egoísmo e com sua forma egocêntrica de ver todas as coisas foi me consumindo e me fazendo diminuir até que eu não soube mais onde começava eu e terminava você. Virou um relacionamento doentio, no qual eu te idolatrava acima dos meus próprios princípios.
Então eu comecei a me ver como uma mulher ruim, uma mulher sem valor, uma mulher boba por amar e querer demonstrar amor. Deixei de me ver como alguém valioso, alguém capaz de conseguir o que quer. Comecei a deixar de me amar, porque através dos seus olhos eu me via como alguém que não merecia o amor de ninguém. Até que um dia eu decidi terminar com isso e testar o teu amor por mim. Saí de casa disposta a me machucar, me ferir, pra saber até aonde me ferir machucaria você. Quis mesmo ir parar em uma ambulância pra ver se lá você iria demonstrar afeto por mim, sentir minha falta e me dizer que me amava.
Foi então que me dei conta do quão tóxico estava tudo! Como podia eu me rebaixar a isso por outro alguém? Como podia eu chegar tão fundo a ponto de não ver que minha vida não precisava de você?
Então, naquele instante que me dei conta do que estava vivendo, voltei pra casa e pedi pra que você fosse embora. Não porque não te amava mais, mas porque eu não me amava mais. Não foi por falta de amor a você, foi por falta de amor a mim.
Minhas crenças me dizem que eu sou filha de Deus e sendo assim eu não posso viver de migalhas. Então me desculpe, moço, mas não cabe mais você na minha vida, e eu só queria poder te dizer isso pessoalmente. Só que você continua me tratando como se eu não soubesse de nada, como se eu fosse a parte mais frágil, e não enxerga que a força que há em mim hoje é muito maior do que qualquer coisa que você possa ter conhecido ou que um dia terá a chance de conhecer. Uma pena que seu ego não tenha te deixado enxergar a minha alma como ela era de verdade, como alguém que te amou acima de tudo, mas que no final sabia que pra amar outra pessoa é preciso, principalmente, amar a si mesmo.
Sinto muito, moço, mas amar você foi a melhor e a pior coisa que eu fiz na vida e por isso não posso mais conviver com você!


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