Edificação | Como devemos falar com nosso irmão?


Eu tento sempre refletir muito a respeito daquilo que sai da minha boca, oro muito ao Senhor pra que nada que saia da minha boca seja infrutífero ou possa ferir um irmão. A palavra tem um poder absurdo sobre as coisas e sobre as pessoas; uma palavra pode matar ou ressuscitar. Uma palavra pode salvar ou condenar uma pessoa à morte, tanto física quanto espiritual, então é preciso que nós nos policiemos com relação a tudo que sai de nossos lábios.

Provérbios 4.24 diz: Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos lábios. E pensando nesse versículo, a gente pode fazer alguns apontamentos que nos ajudem a conseguir afastar de nossas bocas e de nossa postura aquilo que ofenda ou machuque as pessoas. Temos que entender também que a maioria daqueles que nos cercam estão já com muito feridas. Não tem sido fácil a nossa relação com as pessoas, não é fácil ter que lidar com tanta gente pensando diferente de nós em tempos que nos convencem de que precisamos ter uma opinião sobre tudo, em uma sociedade que nos diz que se não tivermos algo pelo que protestar então não estamos exercendo nosso papel fundamental. Queridos, nosso papel fundamental é desenvolver nossos relacionamentos. A Bíblia inteira é um manual de relacionamentos, ela nos ensina a nos relacionar com Deus e com nossos irmãos, então precisamos nos esforçar pra exercer isso e fazer disso o nosso fundamento.

Provérbios 15.1 diz: A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. Quantas são as palavras brandas que temos proclamado a nosso redor? Quantas vezes você calou ao invés de retrucar? Freud fala que uma grande maldade do cristianismo é pedir que amemos o próximo. Não é mesmo fácil, por isso precisamos depender de Jesus e seguir Seu exemplo de humanidade e empatia.

O ser humano é naturalmente egoísta, e o mandamento de amar o próximo como a si mesmo já pressupõe que nós nascemos nos amando, Jesus não precisa mandar que nós nos amemos. Nosso egoísmo é tanto que somos capazes de passar por cima dos direitos do outro para satisfazer aquilo que definimos ser o nosso direito. É preciso termos também a clareza espiritual e emocional para entendermos que as pessoas geralmente têm com a vida uma relação de amargura e frustração. Essas pessoas não enxergam em seus dias um motivo de alegria porque a vida não lhes deu o que gostariam. Provérbios 14.12a diz: A esperança que se adia faz adoecer o coração. Colocamos nossas esperanças e expectativas nos lugares errados, em tudo aquilo que é perecível e incapaz de nos satisfazer emocionalmente como Jesus. Queremos um amor baseado em outra pessoa, humana, que falha. Queremos bens materiais que da noite pro dia queimam e acabam. Mas temos preguiça de buscar o verdadeiro amor, aquele que “é paciente, é bondoso; o amor que não arde em ciúmes, não é orgulhoso, não é vaidoso, não é grosseiro nem egoísta, não fica irritado nem guarda mágoas; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; aquele que nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência” (1 Coríntios 13.4-7 – livre interpretação).

Então, pensando nisso, baseada em minhas próprias experiências e em tudo o que tenho visto e ouvido, elenquei alguns itens importantes pra gente pensar junto:

1 – é tolice falar sem ouvir! Faça um exercício de silêncio no momento em que o outro fala. Tente discernir os motivos pelo qual o outro diz o que diz. Interesse-se pelo outro. Veja se quando você está conversando com alguém, realmente o está ouvindo ou se apenas está à espera da sua vez de falar.

2 – Aprenda a ressaltar no outro aquilo que você admira, aquilo que o outro te diz que você acha bom. Precisamos rever essa política que nos impuseram de que diminuir o outro é o que vai nos destacar, de que falar mal do outro vai fazer com que nossas qualidades apareçam melhor. Pelo contrário, aquilo que você diz fala mais a seu próprio respeito do que você imagina.

3 - Nenhuma verdade, observada por um único ponto de vista, é uma verdade completa. Às vezes, se você ouvir verdadeiramente, conseguirá dar a essa pessoa um contraponto a respeito de um problema, que ela tem como enorme, que a fará enxergá-lo sob outra perspectiva e assim conseguirá resolvê-lo. Essa é a base de um relacionamento saudável de amizade. Você não precisa sempre agradar, mas falar com amor aquilo que você discorda ou pensa diferente. Ninguém precisa que você seja sempre benevolente, mas que seja afável.

4 – não mostre o erro do outro em tom acusatório, se você tiver que desconstruir o pensamento dele, que faça com sensibilidade e com amor nas suas palavras. Não seja arrogante! Espere o momento certo pra falar e, se possível, que ele te peça sua opinião ou te dê espaço pra falar. Não invada a vida das pessoas sem autorização!

5 – exponha também suas fraquezas, você não é um semideus, fale daquilo que você tem dificuldade, isso gera empatia. Quando nos colocamos debaixo do mesmo jugo do outro, estamos dizendo pra ele que entendemos o que ele sente e que estamos ali pra aprender junto e dividir os fardos.

6 – não use as redes sociais pra falar de assuntos delicados. As pessoas têm muita dificuldade para interpretar textos e sem o seu tom de voz e o seu olhar pra mediar esse espaço de interlocução é muito provável que a pessoa não entenda aquilo que você realmente quer dizer. Você pode acabar gerando um grande obstáculo comunicativo e nunca mais ter a oportunidade de mostrar o que o Senhor tem te ensinado.

7 - Se você tiver realmente interesse pelo bem do outro, demonstre, pois isso já é o primeiro passo pra que ele te ouça. Fale baixo, com mansidão, porque aquele que está magoado com a vida não vai entender o que você quer dizer se você simplesmente reproduzir o que todo mundo lhe faz. Provérbios 11.2 diz: Vindo a soberba, virá também a afronta; mas com os humildes está a sabedoria.

8 - E uma coisa importantíssima: espere a oportunidade certa! Veja se você está no seu melhor momento pra ter essa conversa e se a outra pessoa também está em um dia bom, com a mente desanuviada pra ouvir o que você tem a dizer. Um desencontro nesse aspecto pode fazer dessa conversa um desastre completo. Jamais repreenda ninguém em público, não exponha problemas que não são seus.

Nosso propósito deve ser aproximar essa pessoa de Jesus através da nossa postura “com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” – Efésios 4.2-3.


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