Edificação | Nono mandamento: Não dar falso testemunho!


A Bíblia elenca, em Provérbios 6, dos versículos 17 a 19, sete coisas que o Senhor detesta: olhos cheios de orgulho, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que faz planos perversos, pés que se apressam a fazer o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia discórdia entre irmãos.

Eu queria pensar um pouco hoje a respeito dos itens que dizem respeito a nossa língua, que no versículo 16 fica claro que está entre aqueles que o Senhor mais detesta, o que diz respeito a causar discórdia entre irmãos. E aqui a gente não fala somente de irmãos de sangue, mas dos irmãos na fé, dos amigos, dos vizinhos, de um povo, uma nação.

Só é possível termos dias felizes, devemos ter como princípio refrearmos nossa língua do mal e evitarmos que nossos lábios falem com maldade.

Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. - Sl 34.13

Nós sabemos que a nossa boca fala daquilo que nosso coração está cheio (Mt 12.34), isto é, as suas palavras procedem do que está gravado no seu coração, daquilo que você é. A qualidade da nossa linguagem demonstra a qualidade das nossas raízes e intenções.

Jesus criticou e condenou, frequentemente os chamando de hipócritas, os fariseus que falavam com excelentes palavras, mas que mantinham seus corações afastados de Deus. Seus corações maus só podiam produzir frutos maus.

A fofoca é uma consequência de um coração contaminado pelo pecado. Esse é um dos grandes pecados da Igreja de Deus: uma língua usada para a acusação e para a justiça própria. No entanto, aquele que não refreia a sua língua está engando a si mesmo e a mais ninguém. Se alguém não consegue segurar o que diz, para bendizer ao invés de maldizer, então não deve considerar-se religioso, pois sua fé não tem valor nenhum (Tg 1.26).

Que tal pararmos de olhar para o outro com olhos de inimizade, ódio e rancor porque pensamos diferente, fazemos escolhas diferentes e vivemos diferente, mas olharmos uns para os outros com compaixão, tentando entender as motivações e as causas que levam o nosso irmão a fazer o que faz?

O nono mandamento das Tábuas da Lei diz respeito ao uso da nossa língua: “Não dar falso testemunho”. O falso testemunho pode levar alguém a ser morto, a ser condenado publicamente e violentado não só verbalmente, mas fisicamente. Um dos sofrimentos do nosso Salvador foi ser vítima de uma acusação falsa, pois o tribunal judaico já estava pronto a matar Jesus mesmo que houvesse falta de provas contra ele. No entanto, os líderes religiosos mentiram com respeito a Jesus e seus falsos testemunhos reverberaram e terminaram na cruz.

Poderia o Santo de Deus blasfemar contra o seu Pai? Aquele que veio para cumprir os desígnios de seu Pai, era possível que fosse blasfemo porque curava pecados? Mas Jesus foi acusado disso! (Mc 14.63-64)

E como Jesus reagiu? Calou-se! Nem para defender-se a si mesmo ele abriu a boca. O que nos ensina a não defendermos a nós mesmos em nenhuma hipótese. Quando testemunharam para incriminá-lo, simplesmente calou. Desprezou suas acusações, sem dar sequer uma resposta e isso é um exemplo para nós. Não há o que explicar para quem não quer entender. Seremos acusados nesse mundo por causa de nossa lealdade a Jesus. É impossível passarmos incólumes porque o mundo odeia Jesus, mas devemos esperar silenciosamente a justiça divina em sua vida.

Jesus foi acusado de sedição, de ter provocado baderna, motim e violação ao reinado de César (Lc 23.2-5). Você pode imaginar Jesus como um revolucionário que causa revoltas populares? Comparado a Barrabás, o arruaceiro, Jesus foi acusado injustamente de sonegar impostos. Como poderia ser acusado disso se Jesus ensina de forma cristalina o pagamento de impostos? (Mt 22)

A prática do pagamento de tributos está registrada em Mt 17.24-27, quando, miraculosamente, Pedro é enviado a pescar e a tirar da boca de um peixe os impostos dele e do próprio Jesus.

Mas a mais grave acusação que fizeram contra Jesus de forma falsa foi chamá-lo de rei impostor, uma acusação especial para atingir a Pilatos. Justo ele, que com sua autoridade havia instituído os governantes do mundo; o dono do universo, que nunca tivera intenção de tomar o trono de César, pois seu reino não era desse mundo.

Essa acusação falsa, foi a última lança que o levou à morte.

Em Mateus, Jesus coloca o falso testemunho junto de outros pecados de usurpação dos direitos do outro: “Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho” (Mt 19.18).

Dar falso testemunho, fofocar, pode levar o irmão à morte; o pecado de adultério é como o da fofoca, trai a confiança e a integridade da fama de quem você acusa falsamente; quando você mente sobre alguém ou fala mal dessa pessoa, está furtando dela o direito de defender-se, de viver em paz.

Todavia, foi por causa dessas coisas terríveis que nossa redenção foi possível. Pela acusação injusta, a morte do Santo nos alcançou e seu sangue nos lavou.

Assim, como ele, devemos permanecer em silêncio. Ele não teve outra atitude se não permanecer em silêncio, ele não se defendeu, não reclamou, não reivindicou nada, não disse quem era, não falou da própria santidade, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2.6-8).

O profeta que mantem-se calado diante das acusações que lhe são feitas, pois ele sabia estar nas mãos Daquele que julga corretamente.

Que possamos aprender com esse exemplo de Jesus: que o falso testemunho leva à morte e que se formos vítimas das mentiras e fofocas alheias, que permaneçamos em silêncio, confiando no Justo juiz!

Silencie-se até que Deus ponha diante dos olhos de todos as provas necessárias para aqueles que o acusam serem eles mesmos condenados em suas consciências.

Jesus não consentiu com o seu silêncio, ele mostrou sua mansidão, que não reivindica seus direitos e não busca coisas que possam lhe favorecer. É esperar o tempo próprio da justiça divina. Não se esqueçam que “no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado” (Mateus 12.36).

E se você é quem tem provocado os irmãos à ira com falsos testemunhos, arrependa-se enquanto há tempo! Peça perdão a quem você caluniou e assuma sua culpa diante de Deus e dos homens.

Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando você mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas. - Romanos 2.1





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