Edificação | Nono mandamento: Não dar falso testemunho!
Eu queria pensar um pouco hoje a
respeito dos itens que dizem respeito a nossa língua, que no versículo 16 fica
claro que está entre aqueles que o Senhor mais detesta, o que diz respeito a
causar discórdia entre irmãos. E aqui a gente não fala somente de irmãos de
sangue, mas dos irmãos na fé, dos amigos, dos vizinhos, de um povo, uma nação.
Só é possível termos dias felizes, devemos ter como princípio refrearmos nossa língua do mal e evitarmos que nossos lábios falem com
maldade.
Guarda a tua língua do mal, e os
teus lábios de falarem o engano. - Sl 34.13
Nós sabemos que a nossa boca fala
daquilo que nosso coração está cheio (Mt 12.34), isto é, as suas palavras
procedem do que está gravado no seu coração, daquilo que você é. A qualidade da
nossa linguagem demonstra a qualidade das nossas raízes e intenções.
Jesus criticou e condenou,
frequentemente os chamando de hipócritas, os fariseus que falavam com excelentes
palavras, mas que mantinham seus corações afastados de Deus. Seus corações maus
só podiam produzir frutos maus.
A fofoca é uma consequência de
um coração contaminado pelo pecado. Esse é um dos grandes pecados da Igreja de
Deus: uma língua usada para a acusação e para a justiça própria. No entanto, aquele que não refreia
a sua língua está engando a si mesmo e a mais ninguém. Se alguém não consegue
segurar o que diz, para bendizer ao invés de maldizer, então não deve
considerar-se religioso, pois sua fé não tem valor nenhum (Tg 1.26).
Que tal pararmos de olhar para o outro com olhos de inimizade, ódio e rancor porque pensamos diferente, fazemos
escolhas diferentes e vivemos diferente, mas olharmos uns para os outros com
compaixão, tentando entender as motivações e as causas que levam o nosso irmão a fazer
o que faz?
O nono mandamento das Tábuas da
Lei diz respeito ao uso da nossa língua: “Não dar falso testemunho”. O falso
testemunho pode levar alguém a ser morto, a ser condenado publicamente e violentado
não só verbalmente, mas fisicamente. Um dos sofrimentos do nosso Salvador foi
ser vítima de uma acusação falsa, pois o tribunal judaico já estava pronto a
matar Jesus mesmo que houvesse falta de provas contra ele. No entanto, os líderes
religiosos mentiram com respeito a Jesus e seus falsos testemunhos reverberaram
e terminaram na cruz.
Poderia o Santo de Deus blasfemar
contra o seu Pai? Aquele que veio para cumprir os desígnios de seu Pai, era
possível que fosse blasfemo porque curava pecados? Mas Jesus foi acusado disso!
(Mc 14.63-64)
E como Jesus reagiu? Calou-se!
Nem para defender-se a si mesmo ele abriu a boca. O que nos ensina a não
defendermos a nós mesmos em nenhuma hipótese. Quando testemunharam para incriminá-lo,
simplesmente calou. Desprezou suas acusações, sem dar sequer uma resposta e
isso é um exemplo para nós. Não há o que explicar para quem não quer entender.
Seremos acusados nesse mundo por causa de nossa lealdade a Jesus. É impossível
passarmos incólumes porque o mundo odeia Jesus, mas devemos esperar
silenciosamente a justiça divina em sua vida.
Jesus foi acusado de sedição, de ter provocado baderna, motim e violação ao reinado de César (Lc 23.2-5). Você pode imaginar Jesus como um revolucionário que causa revoltas populares? Comparado a Barrabás, o arruaceiro, Jesus foi acusado injustamente de sonegar impostos. Como poderia ser acusado disso se Jesus ensina de forma cristalina o pagamento de impostos? (Mt 22)
A prática do pagamento de
tributos está registrada em Mt 17.24-27, quando, miraculosamente, Pedro é enviado
a pescar e a tirar da boca de um peixe os impostos dele e do próprio Jesus.
Mas a mais grave acusação que
fizeram contra Jesus de forma falsa foi chamá-lo de rei impostor, uma acusação especial para
atingir a Pilatos. Justo ele, que com sua autoridade havia instituído os
governantes do mundo; o dono do universo, que nunca tivera intenção de tomar o
trono de César, pois seu reino não era desse mundo.
Essa acusação falsa, foi a última
lança que o levou à morte.
Em Mateus, Jesus coloca o falso
testemunho junto de outros pecados de usurpação dos direitos do outro: “Disse-lhe
ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás,
não dirás falso testemunho” (Mt 19.18).
Dar falso testemunho, fofocar,
pode levar o irmão à morte; o pecado de adultério é como o da fofoca, trai a
confiança e a integridade da fama de quem você acusa falsamente; quando você
mente sobre alguém ou fala mal dessa pessoa, está furtando dela o direito de
defender-se, de viver em paz.
Todavia, foi por causa dessas
coisas terríveis que nossa redenção foi possível. Pela acusação injusta, a
morte do Santo nos alcançou e seu sangue nos lavou.
Assim, como ele, devemos
permanecer em silêncio. Ele não teve outra atitude se não permanecer em
silêncio, ele não se defendeu, não reclamou, não reivindicou nada, não disse
quem era, não falou da própria santidade, “sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses
2.6-8).
O profeta que mantem-se calado
diante das acusações que lhe são feitas, pois ele sabia estar nas mãos Daquele
que julga corretamente.
Que possamos aprender com esse exemplo
de Jesus: que o falso testemunho leva à morte e que se formos vítimas das
mentiras e fofocas alheias, que permaneçamos em silêncio, confiando no Justo
juiz!
Silencie-se até que Deus ponha
diante dos olhos de todos as provas necessárias para aqueles que o acusam serem eles
mesmos condenados em suas consciências.
Jesus não consentiu com o seu
silêncio, ele mostrou sua mansidão, que não reivindica seus direitos e não
busca coisas que possam lhe favorecer. É esperar o tempo próprio da justiça
divina. Não se esqueçam que “no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de
toda palavra inútil que tiverem falado” (Mateus 12.36).
E se você é quem tem provocado os irmãos à ira com falsos testemunhos, arrependa-se enquanto há tempo! Peça perdão a quem você caluniou e assuma sua culpa diante de Deus e dos homens.
Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando você mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas. - Romanos 2.1
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