Edificação | Não há nada de novo debaixo do sol...
Quem nunca ouviu ou repetiu essa frase?
Mas você já pensou de verdade sobre ela? Vejamos o texto em seu contexto:
“Que grande inutilidade!”, diz o mestre. “Que grande inutilidade! Nada faz sentido!” O que o homem ganha com todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol? Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre. O sol se levanta e o sol se põe e depressa volta ao lugar de onde se levanta. O vento sopra para o sul e vira para o norte; dá voltas e voltas, seguindo sempre o seu curso. Todos os rios vão para o mar, contudo, o mar nunca se enche; ainda que sempre corram para lá, para lá voltam a correr. Todas as coisas trazem canseira. O homem não é capaz de descrevê-las; os olhos nunca se saciam de ver, nem os ouvidos de ouvir. O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol. Haverá algo de que se possa dizer:
“Veja! Isto é novo!”? Não! Já existiu há muito tempo, bem antes da nossa época. Ninguém se lembra dos que viveram na antiguidade, e aqueles que ainda virão tampouco serão lembrados pelos que vierem depois deles. – Eclesiastes 1.1-11
Portanto, sabemos que as mesmas ambições da nossa geração, desta era, são as que habitavam o coração do homem desde Adão. O que mudou de lá para cá foram as formas de apresentação da idolatria pelo controle do tempo e dos resultados. Antes, isso era feito com os recursos mais limitados tecnologicamente, hoje a situação foi potencializada pela globalização e pela sensação de acesso ao mundo inteiro por meio do smartphone.
O ser humano estabelecer objetivos, buscar conquistar sonhos e realizar desejos de ambição profissional, emocional, psíquico não é um problema em si. Deus nos deu o mundo para que o cultivássemos e o guardássemos, portanto, usufruir dele é uma consequência agradável a Deus. Se submetemos nosso coração e nossa mente ao senhorio de Cristo, se buscamos agradá-lo em sua vontade e obedecemos, pelo Espírito Santo, as leis morais do Senhor, então nossos desejos estarão para Deus e o glorificarão. Mas a jornada, o percurso na busca pelas realizações precisam ser medidas e aproveitadas em mesma medida.
Deixe-me explicar. A Palavra de Deus trata conosco a respeito da ansiedade em dezenas de textos de recomendação. Jesus nos exorta e nos convida a não estarmos ansiosos com nada, pois Ele é o Senhor do tempo e o Senhor do sábado, isto é, do nosso descanso. Mas, geralmente, o que fazemos é colocar nossas expectativas nos resultados, nas conquistas, nos números, nas porcentagens, na reversão em utilidade de tudo o que fazemos. Acabamos pecando pelo utilitarismo do aperfeiçoamento.
Ao invés de buscarmos a santidade porque ela nos aproxima do Santo, ao invés de buscarmos a obediência porque ela nos ensina os caminhos do Santo, em detrimento da caminhada com Cristo dia após dia, focamos toda nossa energia no futuro incerto das realizações. E esse é um caminho espinhoso, que conduz o homem a medir o valor da existência pela quantidade de bens que ele possui.
Quanto de dor deixaríamos de sentir se apresentássemos nossos planos a Deus, se organizássemos a busca e a execução de cada passo, um por vez, até o destino? Ao invés de focarmos tudo o que somos nas respostas finais, deveríamos observar a caminhada, olhar para fora de nós.
“Não andem ansiosos”, diz Jesus. Um verbo (andar) que indica movimento, isto é, não podemos parar por causa de frustrações causadas pela nossa própria ansiedade. Andar exige concentração, observância nos próprios passos e na estrada, dia após dia, pé ante pé. Se você caminha com ansiedade - grande mal-estar físico e psíquico, aflição, agonia - seu corpo se curva, seus pensamentos embaçam, sua boca geme ao invés de sorrir, você acaba indo bem mais devagar.
Quem anseia demais, não aproveita a vida à luz da caminhada.
Desacelere, respire e aproveite a companhia que viaja com você: Jesus de Nazaré.
Comentários
Postar um comentário